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Começa restrição a caminhões em Alphaville e Tamboré
16 de outubro de 2011/ Foto: SCS de Barueri- Demutran |
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Caminhões não poderão trafegar por Alphaville e Tamboré entre 17 e 20 horas |
A partir de segunda-feira, 17, caminhões não poderão circular pelas principais vias de Alphaville e Tamboré no horário de pico da tarde. A restrição foi regulamentada pelo decreto municipal 7.213, de 4 de outubro.
De acordo com a legislação, os caminhões estão proibidos de circular, entre 17 e 20 horas, em ambos os sentidos das alamedas Mamoré, Purus, Rio Negro e Araguaia (trecho entre as avenidas Doutor Dib Sauaia Neto e Piracema) e das avenidas Aruanã e Piracema. A proibição vale de segunda a sexta-feira, pelo período experimental de três meses.
A restrição será fiscalizada pelo Demutran (Departamento Municipal de Trânsito), que planejou a medida e espera aumentar a fluidez do trânsito na região, com a retirada de aproximadamente 2.800 caminhões das vias no horário da proibição.
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Alphaville faz 38 anos, com um crescimento questionável
por Gláucia Poppe - 21 de setembro de 2011/ Foto de arquivo
Vista aérea da Alameda Rio Negro, a avenida pioneira do bairro
O bairro de Alphaville, pertencente a dois municípios, Barueri e Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, fica em uma área de 16,4 km2, e foi oficialmente fundado em 21 de setembro de 1973, pela então Construtora Albuquerque, Takaoka S.A., dos engenheiros sócios, Renato de Albu-querque e, do já falecido, Yojiro Takaoka.
A idéia inicial, segundo Renato de Albuquerque, em entrevista exclusiva para a Newsville, anos atrás, foi começar um empreendimento voltado para empresas, no entorno da avenida pioneira, Alameda Rio Negro, e o Residencial Alphaville 1 só foi planejado para atender aos executivos destas empresas.
Na época, foi uma ousadia destes engenheiros visionários, embora, Albuquerque tenha confessado que ambos, jamais, imaginaram o futuro que o bairro teria.
Originando tudo de um terreno de 500 hectares por eles adquirido em 1973, no lugar da antiga Fazenda Tamboré, que envolvia posseiros e reservas indígenas, não foi uma área fácil de ser desembaraçada na sua documentação e, por esta razão, parte do bairro ainda pertence à União, com pagamentos de taxas de Fôros e Laudêmios, que vêm sendo discutidos na esfera judicial por advogados do bairro.
Os engenheiros 'desbravadores' passaram por muitos momentos complicados, próprios do pioneirismo, embora a empresa deles estivesse em uma fase de concordata por conta de um empreendimento chamado Ilhas do Sul, em São Paulo. Mas, a capacidade de dar a volta por cima destes dois homens, foi além de montar um novo empreendimento com o nome Alphaville. Eles mudaram uma região inteira. A região oeste era vista até Osasco, que era cheio de precariedades, Daí pra frente, só havia cidades 'dormitórios'.
Seriam eles, os bandeirantes contemporâneos, um analogia à origem da cidade de Santana de Parnaíba, fundada por bandeirantes? E, depois desmembrada por um movimento de emancipação política-administrativa, onde fundou-se Barueri? Os desbravadores que, chegaram em uma área desconhecida pelo Brasil e deram o início ao maior bairro planejado do país, conseguiram a expansão de Alphaville para outras cidades e outros estados e, até, em Portugal.
E, ainda, deram sorte de ter pela frente, um prefeito chamado Rubens Furlan, de Barueri, então, pouco conhecido fora da região que, ao assumir o seu primeiro mandato, em 1976, criou uma lei de incentivos fiscais, baixando as aliquotas de impostos sobre serviços para empresas, o que atraiu o progresso e o desenvolvimento a passos largos, e Alphaville deslanchou, trazendo consigo, o Tamboré e muitos outros empreendimentos. Alphaville até ganhou o apelido de 'Paraíso Fiscal'.
Hoje, este mesmo prefeito, em seu quarto mandato, possui outros compromissos, muitos deles, voltados aos ajustes da infraestrutura local, principalmente, a viária. Barueri, de cidade dormitório, passou a ser um pólo de desenvolvimento e modernidade, que não pára de crescer. E, Alphaville está a ponto de implodir, pois não suporta mais a chegada de quase nada.
Mas, quem está de fora, não pensa assim, e quer entrar. E, chegam todos os dias, empresas, profissionais liberais, shoppings, comerciantes independentes, franquias, novos residenciais verticais e horizontais, novos moradores com os seus veículos, enfim, nada mais pode ser feito no sentido de impedir maior crescimento.
O sonho do paraíso, com a super qualidade de vida, definitivamente acabou. Sair de uma casa confortável, para avenidas que se entopem de carros, que não páram de chegar, tornou-se o pesadelo de todos, tanto da população fixa como da flutuante. Mas, ainda dá para se sentir a magestade e beleza de Alphaville nos finais de semana.
Porém, o passado enterrou muita coisa. Conhecer os vizinhos, fazer encontros nas calçadas, jogar conversa fora, isto não existe mais. Poluição do ar, não se vê, mas já existe. Picos de consumo de energia, com pequenos apagões, poluição dos rios, falta de água, trânsito... tudo passou a ser uma eterna preocupação.
Se, lá no início destes 38 anos, quando o bairro nem sabia que teria tantas áreas residenciais ou, se as casas construídas seriam para morar ou para passar os finais de semana, quando os fundadores pensaram em criar, em 1975, o Alphaville Residencial 1 apenas para ser um local de moradia daquele pequeno parque industrial no entorno da Alameda Rio Negro, faltou sim, serem mais visionários e se criar junto ao Poder Público, um Plano Diretor, que acompanhasse, planejasse e controlasse o crescimento, de forma a não promover o desgaste do bairro.
Culpar os fundadores, culpar os prefeitos daquele momento inicial, Bittencourt e Furlan, não é o caminho correto. Afinal, o bairro foi inchando-se de associações, cheias de diretorias, algumas democráticas, outras ditatoriais. Associações internas aos residenciais, associações externas, associações das áreas comerciais, enfim, todos viam o crescimento, e todos falharam no controle deste crescimento do bairro, para garantir-lhe a sua maior virtude, que já não existe mais, a qualidade de vida prometida. Houve ganância.
A realidade obriga que se esqueça isto, mas que se corra atrás dos prejuízos e distorções, que nunca vão parar de chegar, é fato.
Tudo é lindo, sem o trânsito. Mas, cada casa tem quantos carros na garagem? As empresas tem quantas garagens e, na falta delas, os carros ainda estreitam as avenidas, como é o caso mais gritante atual, da Via Parque. Esta é a realidade formada nestes 38 anos.

Alphaville, em sua área central, com edifícios comerciais e residenciais e seu primeiro centro comercial
Algo que não é para se comemorar. Alphaville está com cara de bairro de São Paulo, capital. É um bairro nobre, sem dúvida, mas daquela nobreza suspeita. Sua implantação começou na década de 1970, onde primeiro veio a Hewllet Packard(HP). Depois, a DuPont, a Sadia, a Confab, o Centro Comercial e, ano a ano, tudo chegou.
E, em dois anos, depois que todos os mais de 50 edifícios em construção estiverem prontos, de 50 mil habitantes, o bairro ganhará mais 30 mil. De 150 mil pessoas em sua população flutuante, o bairro ganhará mais 30 mil. De uma população fixa e flutuante atual, de cerca de 200 mil pessoas, em dois anos, passará para 260 mil, ou mais, vai saber.
Os 38 anos que Alphaville possue hoje, traz números alarmantes. Mas, o bairro não perde a sua nobreza e, possui sua beleza, entre aspas.
No começo, era justo que os engenheiros fundadores percebessem que, vender áreas resi-denciais se tornava mais interessante do que vender áreas empresariais e comerciais. Mas, uma coisa leva a outra, e perdeu-se o controle. Assim é o progresso, onde hoje, disputam-se os poucos palmos de terra que sobraram no bairro.
Isto leva a se expandir o crescimento para áreas fora do bairro, do outro lado do Rio Tietê, onde o crescimento também vai dar um susto logo mais. Isto quer dizer, mais pontes, mais viadutos, mais avenidas, mais faróis, mais guardas de trânsito, mais multas, mais barulho, mais poluição, mais pesadelos. Inevitável! Enfim, parabéns, Alphaville! É o seu aniversário.
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